Procurar no portal

Dia Internacional das Mulheres: uma data para dar visibilidade às lutas de gênero e à garantia de direitos

Imagem: Servidoras técnico-administrativas da Reitoria posam em frente ao jardim lateral do prédio; acima delas, vê-se o brasão da UFC. (Foto: Viktor Braga/ UFC Informa)

Ultrapassamos já uma centena de anos da eclosão das manifestações sufragistas e operárias do movimento de mulheres que tanto marcaram o alvorecer do século XX. Por isso, a reflexão sobre o que já alcançamos enquanto sociedade é ainda mais pertinente na data de hoje, Dia Internacional das Mulheres, historicamente um dia de reconhecimento, reivindicação e lutas. Embalada nesse movimento, a Constituição brasileira confere, em seu artigo 5º, tratamento igualitário a homens e mulheres em direitos e deveres; e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), desde 1988, declara a equidade de gênero um direito humano.

As mulheres correspondem a 56% do quadro técnico-administrativo em atividade na UFC, mas ainda não chegam à metade do corpo discente regularmente matriculado nos cursos de graduação (44%) nem do corpo docente (41%). Se o panorama citado, referente à Universidade Federal do Ceará (UFC), está no caminho para fazer justiça de oportunidades e representatividade às mulheres, as estatísticas nacionais e globais são ainda mais merecedoras de nossa atenção e empenho para concretizar mudanças necessárias.

Meninas e mulheres foram, ao longo do tempo, alijadas dos espaços de decisão e relegadas à esfera privada e da intimidade. Diversas pensadoras, a exemplo de Silvia Federici, já problematizaram questões relativas à organização da instituição social família e à chamada “economia do cuidado” – equivocadamente associadas quase que de maneira exclusiva às mulheres. Se o ambiente doméstico fosse o lugar mais adequado e seguro às mulheres, 83,5% das mortes violentas delas no Brasil não ocorreriam em ambientes familiares ou no âmbito de relações íntimas afetivas. 

Em lugar de isolamento, protagonismo; em lugar de silêncio, questionamento ao status quo. Essas palavras, muito mais oportunas quando se fala em presença feminina, são valiosas para a transformação de uma sociedade que ainda tateia para conferir tratamento equânime e justo às meninas e mulheres, apesar dos avanços sociais, educacionais, econômicos, políticos, científicos e culturais recentes. 

Em 50 anos, a participação feminina saltou de 18% para 50% da força de trabalho no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Parcela que, mesmo assim, tem sua dedicação (três vezes maior em termos de tempo que a dos homens) eclipsada, como evidenciou o tema da redação da edição 2023 do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM): “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”

Homenagens e demonstrações de afeto são bem-vindas, mas nunca suficientes para mitigar o contexto de discriminação histórica, exclusão estrutural e, principalmente, exaustão que atinge a experiência de ser mulher (na qual é justo que se inclua mulheres cis e trans, que precisam ter suas condições e demandas reconhecidas em suas especificidades).

Que esta data-manifesto nos encha de orgulho do lugar que as mulheres ocupam na UFC, seja em salas de aula, laboratórios, setores administrativos, unidades hospitalares e projetos extensionistas. Trabalhemos para que elas sigam se apropriando do espaço que lhes é de direito, seja na ponta do atendimento ao público ou nas cúpulas decisórias. Lugar de mulher é, e sempre deve ser, onde ela quiser.

Prof. Custódio Luís Silva de Almeida  
Reitor  

Profª Diana Cristina Silva de Azevedo  
Vice-reitora 

Endereço

Av. da Universidade, 2853 - Benfica, Fortaleza - CE, CEP 60020-181 - Ver mapaFone: +55 (85) 3366 7300