Procurar no portal

Em programação do Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, biblioteca da Pós-Graduação do CT inaugura Prateleira Maria da Penha

A Universidade Federal do Ceará (UFC) inaugurou no dia 27 de junho, como parte da programação do Dia Internacional das Mulheres na Engenharia (DIME), a Prateleira Maria da Penha, com acervo formado por obras que abordam a equidade de gênero, o combate à violência contra a mulher e outras questões transversais aos direitos das mulheres, como etnia e renda. Promovido oito edições, o DIME levou o projeto pela primeira vez a uma unidade do Sistema de Bibliotecas da Instituição.

Imagem: Homens e mulheres agachados na frente das prateleiras da Biblioteca da Pós-Graduação em Engenharia. (Foto: Álvaro Graça Jr./ UFC Informa)

Realizada na Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia Prof. Expedito José de Sá Parente (BPGE), localizada no bloco 713 do Campus do Pici Prof. Prisco Bezerra, a solenidade contou com a presença da vice-reitora Diana Azevedo e de diversas outras autoridades acadêmicas e convidados externos à Universidade. Impossibilitada de comparecer, a ativista Maria da Penha Fernandes enviou mensagem em vídeo para ser exibida ao público presente.

O projeto Prateleira Maria da Penha é uma parceria entre o Instituto Maria da Penha, o 1° Juizado da Mulher de Fortaleza, a Secretaria da Educação do Estado do Ceará (SEDUC) e diversos órgãos do poder público. Mais de 400 escolas da rede estadual de ensino e organizações públicas como a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (AESP-CE) já contam com prateleiras do tipo inauguradas em suas bibliotecas. 

A UFC é a primeira universidade pública cearense a aderir ao projeto (até então presente só em faculdades e universidades privadas) e disponibilizar seu acervo à comunidade. A ideia é que, a partir da instalação no Centro de Tecnologia (CT), os demais equipamentos do Sistema de Bibliotecas em outras unidades acadêmicas sejam integrados à iniciativa.

Para a vice-reitora Diana Azevedo, uma das lideranças do Dia Internacional das Mulheres na Engenharia na UFC desde sua primeira edição, em 2017, o evento é uma oportunidade de aprender e obter letramento em gênero: “É muita emoção para mim este momento, de chegar depois de praticamente 30 anos do meu ingresso como professora na Universidade e ver isso aqui em uma unidade acadêmica, que tem uma média de 30% de seu corpo docente e discente formado por mulheres, é uma emoção grande. Graças a meus privilégios, estou entre os 8% de mulheres da Academia Nacional de Engenharia. Primeira pesquisadora 1-A. Eu consegui chegar, mas tem muitas mulheres pobres, negras, indígenas, quilombolas que não conseguem”.

Imagem: Três homens e seis mulheres puxam juntos uma fita roxa para inaugurar a Prateleira Maria da Penha. (Foto: Álvaro Graça Jr./ UFC Informa)

O Dia Internacional de Mulheres na Engenharia surgiu em 2014 na Inglaterra, por iniciativa da Sociedade das Mulheres na Engenharia do Reino Unido, na data em que já se comemorava nacionalmente a efeméride.

Diana relembra como foi importar a comemoração para a UFC: “O DIME original teve como slogan, em primeiro ano, a frase ‘Os homens como aliados’. E acreditando nisso, falei com nossos professores e com a Yangla Oliveira para, ainda em 2017, fazermos uma pequena homenagem, uma movimentação. E assim fomos a primeira escola de engenharia no Brasil a registrar sua edição do evento”. “Que o dia de hoje seja uma semente para essa ideia se multiplicar por outras unidades acadêmicas, principalmente nas mais áridas e com menor presença feminina”, desejou a vice-reitora.

De acordo com Yangla Oliveira, idealizadora do evento e coordenadora do Núcleo de Orientação Educacional do Centro de Tecnologia, a entrega da Prateleira Maria da Penha foi a ação inaugural do DIME em 2024. “A instalação dessa prateleira visa contribuir para o enfrentamento da violência contra a mulher e para a igualdade de gênero. Considerando que o ambiente educacional, seja escola ou universidade, é um espaço genuíno de construção de saberes, além de um espaço potencialmente favorável à desconstrução da cultura de violência contra as mulheres, que infelizmente, em nosso País, ainda é muito presente”, afirmou a servidora.

“Está na hora de a gente pensar que o papel das mulheres não é só seguir para profissões que se convencionou serem femininas. A primeira vez que participei do DIME coincidiu com o ano em que nasceu a minha filha. Ela adora matemática, desmontar coisas, me ajudar com ferramentas. Um dia, a professora dela me chamou na escola preocupada, porque ela ‘gostava demais’ de matemática. É assim que as mulheres são muitas vezes invisibilizadas, colocadas em situações de dependência estrutural”, lamentou o diretor do CT, Prof. Bruno Bertoncini.

“Na minha família, sempre me trataram igual ao meu irmão. Mas não pude fazer seleção para o Colégio Militar e nem fazer vestibular para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), porque antigamente não aceitavam mulheres. Já deixei de ser contratada na indústria porque não havia banheiro feminino. Vim para a academia achando que seria mais fácil, só que aqui também temos teto de vidro. Mais que mudar a imagem do Centro de Tecnologia, iniciativas como o DIME mudam culturas”, afirmou a vice-diretora do CT, Profª Luciana Gonçalves.

LEGADO FEMININOUm segundo momento do VIII DIME na UFC foi dedicado à inauguração do painel “Mulheres Extraordinárias na Engenharia”, no bloco 727 do CT. O trabalho teve o objetivo de sanar a falta de reconhecimento público a mulheres de várias nacionalidades, engenheiras ou não, que deixaram importantes contribuições para a área.

Seis mulheres posam na frente do painel "Mulheres Extraordinárias da Engenharia". (Foto: Álvaro Graça Jr./ UFC Informa)

A curadoria de informações para a peça foi realizada por equipe composta pelas estudantes Ana Larissa Cavalcanti, Maria Clara Monteiro e Marina Cardoso; pelos docentes Áurea Holanda, Hilma Vasconcelos, Luciana Gonçalves, Bruno Bertoncini e José Barros Neto; e pela servidora técnico-administrativa Yangla Oliveira. Já a impressão foi financiada pelas engenheiras Ana Virgínia Martins, Andrea Rios, Denise Silveira, Hilda Pamplona, Silvana Fialho e Suzanne Accioly, egressas do CT-UFC.

Dentre as homenageadas, estão Mildred Dresselhaus (Estados Unidos), Enedina Alves Marques (Brasil), Concepción Mendoza (México) e outras mulheres ilustres. O Ceará está representado por Aracy Tavares de Andrade Furtado, primeira mulher formada em Engenharia Civil pela UFC e ex-professora do curso. O layout da peça foi feito pela equipe da Keréus, empresa júnior do curso de Design, sob a coordenação do Prof. Roberto César.

“A mulher na engenharia é uma das principais pautas. Para a gente, é uma alegria enorme vivenciar este dia e ver tudo que o DIME se tornou desde que era aquela sementinha anos atrás. Espero que, com isso, nossas meninas e meninos venham a conhecer mais a contribuição dessas mulheres que são inspiradoras e traçar suas próprias histórias dentro da engenharia”, disse a Profª Áurea Holanda, diretora de Equidade, Diversidade e Inclusão do Centro de Tecnologia.

Laura Campêlo, estudante de Engenharia de Computação, compartilhou com os presentes um sentimento de satisfação ao ver a valorização dos esforços femininos e o combate ao machismo dentro da academia. "Em casa, tive o exemplo da minha mãe, que é matemática, e da minha tia, que é engenheira eletricista. Um dos motivos pelos quais entrei em vários projetos foi a vontade de levar para outras meninas o desejo de cursar engenharia, para que elas vejam no futuro isso como possibilidade de carreira", resumiu.

O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia na UFC contou com a presença da juíza titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Rosa Mendonça; da secretária-executiva de Políticas de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Raquel Andrade; da deputada estadual Larissa Gaspar;da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, Profª Regina Célia Monteiro; da pró-reitora-adjunta de Cultura, Profª Glícia Pontes; do chefe de Gabinete da Reitoria, Prof. Carlos Almir Monteiro; da presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ), Ana Paula Holanda; da ouvidora-geral da UFC, Profª Verônica Ximenes; da vice-diretora da Editora da UFC, Profª Juliana Diniz; do diretor do Sistema de Bibliotecas da UFC, Felipe Ferreira; da diretora da Biblioteca da Pós-Graduação em Engenharia, Érica Barros; do coordenador de Educação em Direitos Humanos, Inclusão e Acessibilidade da SEDUC-CE, José Wilson Fraga; e do cordelista Tião Simpatia, autor do livro A Lei Maria da Penha em cordel.

Fonte: Gabinete da Reitoria – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.  

Endereço

Av. da Universidade, 2853 - Benfica, Fortaleza - CE, CEP 60020-181 - Ver mapaFone: +55 (85) 3366 7300