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Campus de Crateús celebra década de atividades com evento científico-cultural e inauguração de jardim com espécies nativas

Percebendo que as dimensões de um lugar não se restringem às suas áreas limítrofes, ilustrou o escritor João Guimarães Rosa (1908-1967): “O sertão é do tamanho do mundo”. A frase, imortalizada no clássico Grande sertão: veredas, abarca toda a pujança de um bioma e de um povo marcado pela resiliência e renovação. No sertão cearense não é diferente, com um agrandar constante de possibilidades marcado pela presença da Universidade.

Imagem: pessoas ao redor do bolo

Instalado como parte do processo de interiorização da UFC, o Campus de Crateús celebrou seus 10 anos de trabalhos no ensino, na pesquisa e extensão na porção oeste do estado. As comemorações ocorreram de 3 a 5 de setembro e contaram com uma programação que destacou a integração e o impacto social da UFC na região. No período, o local recebeu também a Caravana UFC 70 Anos, que fez a sua segunda parada no Campus da Instituição.

O Campus da UFC em Crateús foi criado em 14 de dezembro de 2012, por meio da Resolução nº 26 do Conselho Universitário (CONSUNI), e teve sua aula inaugural em 4 de agosto de 2014, no Colégio Primeiro de Janeiro. Em 2018, passou a realizar as suas atividades em sede própria, local que hoje abriga os cursos de Ciência da Computação, Engenharia Civil, Engenharia Ambiental e Sanitária, Engenharia de Minas e Sistemas de Informação. Atualmente conta com uma comunidade acadêmica de 825 alunos de graduação e 16 de pós-graduação, 51 professores e 40 servidores técnico-administrativos. Até hoje, o Campus já formou 217 alunos.

Veja outras imagens do evento no Flickr da UFC

IMPACTOS – Como parte das festividades dos 70 anos da UFC, o evento alusivo à primeira década do Campus de Crateús teve início na noite do dia 3, com apresentações de artistas da cidade: a Banda Municipal Expedito Paiva e o sanfoneiro Edvânio Barbosa. Na manhã do dia 4, ocorreu o seminário UFC Transforma o Sertão, quando foram apresentados ao público projetos de pesquisa e extensão do Campus com interfaces com a comunidade local. 

Uma dessas iniciativas foi o Grupo de Estudos e Práticas Interdisciplinares em Agroecologia (GEPIA), que vem trabalhando com comunidades atingidas pela obra da Barragem de Fronteiras, construída pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Segundo levantamentos, a obra atingirá 40 comunidades, resultando no deslocamento de 800 famílias. “O projeto começou em 2018, e, primeiro, a gente teve uma fase de reconhecer o território e as comunidades e, depois, fomos desenvolvendo atividades que eram demandas deles, como o livro de memórias, o documentário e a própria cartografia social. Trabalhamos com as comunidades de Cabaças, Palmares, Curral Velho, Barra do Rio, Quirino e outras que foram se mostrando receptivas”, explicou a Profª Thayres Andrade, integrante do GEPIA. 

Imagem: grupo de pessoas em pé

Ação mais recente do GEPIA foi a capacitação em fotografia básica para pessoas das comunidades acompanhadas pelo projeto de extensão. Chamado de “Fronteiras da Memória”, a atividade teve como objetivo possibilitar que os próprios moradores captassem registros e percepções no cotidiano sobre a obra da Barragem de Fronteiras. “A gente sempre trabalhou numa perspectiva de tentar não ser um projeto colonizador, no sentido estrito da palavra, de chegar e entrevistar as pessoas e produzir um documentário e exibir aqui na Universidade. A gente queria que os atingidos e atingidas mostrassem pra gente como eles veem o próprio território”, detalhou a pesquisadora.

O resultado dessa capacitação foi apresentado ao público na exposição Reflexos, montada no pátio central do Campus de Crateús como parte da programação dos 10 anos da unidade acadêmica. Uma das artistas presentes na mostra foi a produtora rural Lidianny Martins, que enfatizou a importância da parceria entre comunidades atingidas pela Barragem de Fronteira e o GEPIA. 

“É um benefício muito importante para nós, pelo conhecimento, as pesquisas que eles trazem, e, ao mesmo tempo, acolhem a gente. Por exemplo, se tem uma audiência, eles sempre dão um jeito de estar lá orientando o que a gente deve fazer diante daquele assunto. Para nós, que estamos lá como atingidos, não consideramos só um grupo, consideramos eles como um movimento de amigos até”, avaliou. 

Outra atuação forte do Campus de Crateús na região se dá na pesquisa, sendo a área de recursos hídricos um dos destaques, explicou a coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROFÁGUA), Profª Luisa Farias. Como detalhou a pesquisadora, desde 2016 os pesquisadores da UFC vêm avaliando parâmetros químicos e físico-químicos do rio Poti, com o objetivo de analisar os níveis de poluição de um dos principais fluxos de água do município.

“Esses dados apontam a poluição no rio Poti e ela vem aumentando, como poluição por fontes de mineração, por exemplo, ou do próprio sistema de tratamento de água, que a vazão vai para o rio. Agora, inclusive, esses níveis de poluição por agrotóxicos estão sendo identificados nos peixes, e esse é um bioindicador importante para a segurança alimentar, pois a população come peixes desse rio. Com o mestrado a gente vai trazer o comitê de bacias, divulgar esses dados e pensar políticas públicas, levando esse debate para a comunidade”, pontuou. 

Imagem: Homem fala ao microfone com pessoas ao redorNo campo do ensino, a presença da UFC em Crateús não é sentida apenas pelos atuais universitários, mas pelos futuros graduandos, como salientou o diretor do Campus, Prof. Sandro Lima. “A gente tem conversado muito com a CREDE 13 (Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação) e estamos trabalhando na perspectiva de como é que a gente pode pensar em ações que favoreçam também a escola. Temos um projeto chamado ‘Acolhida UFC’, que é exatamente receber estudantes do ensino médio para eles conhecerem a Universidade, entender um pouco sobre o que são os nossos cursos. Essas iniciativas relacionadas com a interseção com a escola têm sido muito positivas”, comentou.

O segundo dia de comemorações contou ainda com uma palestra sobre a história de Crateús e uma homenagem ao Mestre da Cultura Lucas Evangelista.

INTERIORIZAÇÃO – O terceiro dia de celebrações teve em sua programação a mesa-redonda “Interiorização da UFC: impactos, desafios e perspectivas de futuro”, que contou com a presença do reitor Custódio Almeida, do diretor do Campus de Crateús, Prof. Sandro Lima, da ex-diretora da unidade, Profª Maria Elias Soares, além dos pesquisadores Karla Gomes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará-IFCE) e Caio Fernandes (Universidade Estadual do Vale do Acaraú-UVA) – que apresentaram estudos sobre a presença do ensino superior no município – e dos egressos do Campus de Crateús Sigrid Machado, Jefferson Macedo e Karina Albuquerque. 

Imagem: três pessoas em pé

Integrando os debates, a Profª Maria Elias relembrou os desafios dos anos iniciais de implantação do Campus e mencionou a sinergia de forças para a chegada da UFC na cidade. “Esse processo revelou uma necessidade do povo da região porque ninguém tem dúvidas de que a interiorização da Universidade é indutora do conhecimento”, declarou. 

O reitor Custódio Almeida, em sua fala, destacou as imbricações da presença do ensino superior para o tecido social de uma região interiorana. “O conhecimento não precisa de outra coisa senão de pessoas e oportunidades. Estar no interior é potência se esse interior tem condições para o desenvolvimento. Foi muito acertada a política pública que pensou a interiorização das universidades, porque com elas o interior se torna um local de todas as oportunidades do tempo contemporâneo”, afirmou.

As reflexões sobre transformações de realidades puderam ser comprovadas com as falas dos egressos do Campus. A engenheira sanitarista ambiental Sigrid Machado comentou o impulso no desenvolvimento econômico de Crateús com a chegada da UFC; Jefferson Macedo, que integrou a primeira turma do curso de Sistemas de Informação, pontuou a importância da assistência estudantil e bolsas para os graduandos do Interior; já a engenheira civil Karina Albuquerque, que hoje atua como professora substituta no mesmo Campus onde estudou, aludiu ao aumento das oportunidades profissionais para os jovens na região. “Certamente não estaria como professora hoje se não fosse a chegada da Universidade. Isso muda vidas, tem impacto para gerações”, avaliou.

INAUGURAÇÃO – Na tarde do dia 5, foi realizada a sessão em homenagem aos 10 anos do Campus de Crateús, integrando o ciclo comemorativo dos 70 anos da UFC. O evento foi realizado no pátio central da unidade acadêmica e contou com uma apresentação da Camerata de Cordas da UFC, seguida pela composição da mesa solene com o reitor e vice-reitora da UFC, Prof. Custódio Almeida e Profª Diana Azevedo, e com o atual e ex-diretora do Campus de Crateús, Prof. Sandro Lima e Profª Maria Elias Soares, respectivamente. Em breves discursos, as autoridades universitárias falaram sobre histórico, projetos atuais e perspectivas futuras da UFC Crateús, incluindo o anúncio, pelo reitor Custódio Almeida, dos três novos cursos do campus: Psicologia, Fonoaudiologia e Odontologia.

Imagem: pátio do campus com plateia e palco

Logo após, membros da Administração Superior da UFC e da comunidade acadêmica participaram da inauguração do jardim dos 10 anos, com a rega e plantio de mudas de árvores nativas. A solenidade encerrou com um momento de parabéns e distribuição de bolos a estudantes e servidores docentes e técnicos.  

Fonte: Secretaria de Comunicação e Marketing (UFC Informa) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.  

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