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Última noite de colações da UFC oficializa 528 novos profissionais de diferentes áreas; concludentes indígenas e discurso em Libras são destaques

Novos rostos, histórias diferentes, mas muito sentimentos em comum. Assim teve início a terceira e última noite do ciclo de colações de grau da UFC de 2024.1 em Fortaleza, nessa quinta-feira, 24. Ainda mais lotada, a Concha Acústica reuniu 528 concludentes do Centro de Humanidades (CH), Faculdade de Direito (FADIR), Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) e Faculdade de Educação (FACED), além de um aluno do curso de Psicologia de Sobral.

Foi o maior número de formandos – e, consequentemente, de amigos e familiares – nos três dias de festa. Desse total, um grupo bastante particular foi destaque durante todo o evento: os concludentes das Licenciaturas Interculturais Indígenas PITAKAJÁ (das Etnias Pitaguary, Tapeba, Kanindé, Jenipapo-Kanindé e Anacé) e Kuaba (que, em tupi-guarani, significa “lugar de conhecimento”).

Com chocalhos, cocares, pinturas faciais e outros elementos que referenciavam suas etnias, os licenciados tornaram a cerimônia ainda mais especial, ao evidenciarem um resultado importante das políticas de democratização do acesso ao ensino superior instituídas pela UFC.

Da turma da Licenciatura PITAKAJÁ, Jaianne de Sousa Rocha, de 29 anos, considera os dois cursos um marco na formação docente dos povos indígenas do Ceará. “Estar aqui, em uma das melhores universidades do País, é uma oportunidade única, inclusive de representar vários jovens que estão nos nossos territórios, que desejam entrar no ensino superior. Então, para mim, esse é um espaço também de resistência, simboliza a luta dos nossos povos. Até alguns anos atrás, isso era inalcançável”, resumiu a jovem.

Imagem: jovem mulher de cabelos pretos e lisos, cocar no pescoço e pintura com traços pretos no rosto posa para foto vestindo beca e faixa azul

Muita luta também foi necessária para Marcos Eduardo Sousa da Silva, de 25 anos. Natural de Paraipaba, veio para Fortaleza antes mesmo de passar no Enem, com o objetivo de fazer cursinho. Após conseguir a nota que lhe garantiu vaga em Economia, junto com a felicidade vieram os sentimentos de responsabilidade e compromisso. “Foram vários desafios ao longo da graduação, mas concluí e hoje e estou muito feliz. Sonhava com essa cerimônia há muito tempo”, confessou, ao lado de um grupo grande – mãe, padrasto, tia, primas, namorada e amigos, todos vieram de Paraipaba prestigiar o concludente.

Imagem: jovem homem de óculos de armação fina e cabelos castanhos curtos posa para foto vestindo beca e capelo. Atrás dele aparecem,sentados em bancos de cimento várias pessoas de diferentes idades, raças e gêneros

Embora com perfil diferente daquele predominante na colação, Francisco Rogério Mendes também exalava alegria. Aos 55 anos, o surfista e ex-atleta profissional formou-se em Letras Português-Inglês na universidade que sempre sonhou. “Eu tinha um projeto social de surfe na Praia de Iracema, com 30 alunos. Terminei me identificando com esse trabalho e pensei: 'dá para ser professor, né?'. Eu tinha o sonho de fazer faculdade, mas não tinha nem o ensino fundamental completo ainda”, contou.

O caminho envolveu dois anos no CEJA - Centro Integrado de Educação para Jovens e Adultos, onde Rogério completou o ensino médio. “Em 2013 bati na trave no Enem, mas em 2014 consegui, e estou me formando hoje, depois de alguns intervalos e percalços, incluindo a pandemia de covid-19", recordou.

Imagem: homem negro, de meia idade, barba e cabelos grisalhos, posa para foto vestindo beca e capelo, sorrindo e fazendo o sinal de hang loose com uma das mãos. Ao fundo, aparece a fachada da Reitoria da UFC

VALORES E MISSÕES – O começo da cerimônia contou com o discurso do concludente do curso de Direito Tiago Farias Lobo, escolhido representante discente. Além da honra pelo convite, o jovem reconheceu a dificuldade em resumir o sentimento de mais de 500 estudantes. Assim como na fala de Francisco Rogério, a pandemia foi lembrada como um gigantesco desafio comum. “Essa colação representa uma superação dessa calamidade. Algo que só foi possível graças ao esforço de incontáveis profissionais dedicados e guiados pelos valores da ciência”, pontuou.

Imagem: jovem homem, gordo e de óculos, aparece vestido de beca e capelo, falando ao microfone de um púlpito

Para Tiago, é em nome dessa rede de apoio – que também inclui família e amigos – que os formandos devem buscar suas melhores versões em suas práticas profissionais. “Agora devemos retribuir à sociedade a graça que é ser um estudante da universidade pública, a começar por defender sua contínua existência e aprimoramento”, finalizou.

Já a representante dos docentes, a professora Kátia Lucy Pinheiro, do departamento de Letras Libras e Estudos Surdos, trouxe a grata surpresa de proferir seu discurso em Libras – Língua Brasileira de Sinais. Traduzida pela servidora Graziele Gomes, da Secretaria de Acessibilidade-UFC Inclui, Kátia, que é surda, ressaltou a importância da promoção da inclusão social, que vai além da inclusão educacional.

Imagem: mulher loira de cabelo cacheado e óculos, trajando veste talar na cor roxa, faz um sinal da Língua Brasileira de Sinais, ao lado de um púlpito

“Compomos uma diversidade humana representada por diferenças de gênero, raça, classe social, pessoas com deficiência e outras. Essa diversidade, muitas vezes, nos leva à preocupação sobre o futuro. Mas precisamos pensar também no hoje, na nossa realidade”, refletiu a professora, em relação ao papel dos futuros profissionais da plateia e à missão que passam a carregar ao completarem a graduação.

COLETIVIDADE – No discurso que fechou a noite, o reitor Custódio Almeida fez questão de, ao nomear os integrantes da mesa solene da colação, identificar todos os líderes e representantes indígenas de várias etnias presentes, entre eles a Cacique Pequena, da etnia Jenipapo-Kanindé, considerada a primeira cacique mulher do Brasil. Também ressaltou a importância do discurso da professora Kátia Lucy em Libras.

Imagem: homem de cabelos lisos e curtos, de óculos, aparece trajando veste talar branca, falando ao microfone em um púlpito

Na sequência, Custódio voltou a reforçar a fala presente em muitos de seus discursos, sobre o papel da universidade na formação não apenas de profissionais, mas de cidadãos conscientes da necessidade de agir sempre em prol da coletividade, com justiça para todos, para garantir uma existência livre. “Não há liberdade com fome, com ódio de classe, com exclusão, com preconceitos, com opressão, com guerras”, ressaltou. “Sejam felizes. E trabalhem para que a comunidade também seja feliz, porque ninguém pode ser feliz sozinho”, finalizou.

Fonte: Gabinete da PROGRAD – fone: (85) 3366.9498 – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. / Cerimonial da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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