Com histórias de amadurecimento pessoal e acadêmico, Campus de Crateús realiza colação de 49 concludentes
- Quarta, 09 Abril 2025 17:01
- Escrito por UFC Informa
Março foi o mês de encerramento: as atividades letivas terminaram no dia 7, as notas foram consolidadas no dia 15 e os documentos para a colação de grau, enviados até o dia 28. Mas para os 49 concludentes do semestre 2024.2 do Campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Crateús, a jornada começou há bem mais tempo.
Antes dos trabalhos de conclusão de curso, das provas e dos estágios, muitos estudantes enfrentam dificuldades para finalizar o ensino médio e para garantir uma vaga na Universidade. Graças à construção de políticas públicas voltadas à ampliação de acesso ao ensino superior, esse cenário tem mudado no país. A Lei de Cotas, o Sistema de Seleção Unificada (SISU) e os programas de auxílio estudantil são exemplos importantes desse trabalho.
Foi pela Lei de Cotas, por exemplo, que Francisca Cristiana Rodrigues Araújo, de 24 anos, ingressou no curso de Sistemas de Informação. Após anos de dedicação, ela e outros colegas celebraram a obtenção do sonhado diploma, em cerimônia realizada nessa terça-feira (8), no pátio do campus. Colaram grau formandos dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia Ambiental e Sanitária, Engenharia Civil, Engenharia de Minas e Sistemas de Informação.
Veja outras imagens da solenidade no Flickr da UFC
“Minha trajetória foi um pouco complicada, porque sou de uma cidade distante, Ipueiras. É uma hora e meia de viagem até Crateús, eu vinha e voltava todos os dias”, recorda Cristiana. A adaptação para os conteúdos do curso também exigiu esforço. “Eu não tinha nenhum conhecimento na área, então foi um baque. Tive dificuldade na parte de programação, me dei melhor com a parte de matemática. Mas sempre contei com a ajuda de colegas e professores. Devagarzinho, consegui concluir. Então, é um conselho que dou para os interessados no curso: não desistam, é difícil, mas muito gratificante, e é uma área que ainda vai se expandir muito”, acredita.
Um dos colegas de turma mencionados por Cristiana, que a ajudou com os conteúdos de programação, foi Lucas Lima Sousa Torres. Já tendo passado por uma escola estadual de ensino profissionalizante, ele chegou à graduação com uma boa base na área de tecnologia. “Um pouquinho de programação, um pouquinho de arquitetura de software, de teorias da computação, isso já ajudou bastante”, recorda Lucas.
Dentro do curso, ele diz ter se encontrado na área de jogos. “Atualmente, Crateús é um polo de muitas oportunidades, a vinda da UFC para cá revolucionou o cenário. Têm muitas pessoas, inclusive de outras cidades, vindo estudar aqui”, comemora.
NOVOS FUTUROS POSSÍVEIS – Uma delas foi Mylena Albuquerque de Souza, de 24 anos. Ao conseguir uma vaga no curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, ela se mudou de Monsenhor Tabosa para Crateús e, ao longo da graduação, dividiu apartamento com uma colega de campus, também natural de outra cidade.
“Na época eu ainda era menor de idade, então foi difícil, né? Tanto para mim quanto para os meus pais, que precisaram deixar a filha ir, em um mundo tão perigoso para mulheres. Mas graças a Deus cheguei até aqui”, vibra a jovem.
Mylena relata que, com as disciplinas específicas, foi tomando gosto pelo curso e hoje se diz realizada, reconhecendo seu processo de amadurecimento técnico, acadêmico e pessoal ao longo da graduação.
Formando do curso de Engenharia de Minas, Thiago Gomes Sousa também passou por um processo de amadurecimento – no caso dele, iniciado logo no primeiro semestre. “A gente vem do ensino médio com aquele comportamento de escola, achando que pode estudar para a prova poucos dias antes. Aí a pancada é grande. Foi o primeiro zero que tirei na vida, uma disciplina de Cálculo”, recorda, entre risos.
Diante da nova realidade, foi preciso amadurecer. “Passei a estudar muito, a gente estudava bastante em grupo. Com o tempo, fui mudando e fortalecendo esse comportamento”, conta. O esforço deu resultado: hoje Thiago deixa o curso já com emprego garantido, em uma empresa de mineração na cidade de Independência.
DISCURSOS – Escolhido orador discente, o concludente Afonso Augusto de Oliveira Neto, do curso de Engenharia Civil, recordou o difícil período da pandemia de covid-19, cujas sequelas sociais ainda hoje são sentidas por todos. “Muitos de nós perderam alguém que amavam nessa jornada, alguém que, mais do que qualquer um, gostaria de estar aqui aplaudindo de pé e vibrando com todas as forças nossa vitória. Mas que bom que o amor não morre! Por isso, aqueles que amamos estão conosco em todo lugar, inclusive neste momento”, expressou o concludente.
“A Universidade foi uma casa, um laboratório de experiências e também de primeiras vezes. Aprendemos a compreender o impacto do nosso trabalho na sociedade. A gente cresceu, amadureceu, mas isso enriqueceu a nossa jornada, moldou nossa visão de mundo e nos trouxe até este momento”, completou.
Já Janine Brandão de Farias Mesquita, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, representando os docentes do campus, aproveitou a fala para refletir sobre o papel da graduação e da Universidade. “Nossa missão não é entregar profissionais prontos, como produtos acabados e emoldurados. Nosso maior contributo é justamente o oposto: oferecer ao mundo seres em constante transformação, agentes transformadores da realidade”, pontuou.
Em discurso que tradicionalmente encerra a cerimônia de colação de grau, o reitor da UFC, Custódio Almeida, também ressaltou as incertezas acarretadas pela pandemia de covid-19, que exigiu ainda mais força de vontade e esforços dos concludentes.
“Agora, vitoriosos, vocês estão aptos a receber um diploma que representa muito mais do que o conhecimento acadêmico: nele está impresso esforço, dedicação, competência técnica, habilidades laborais, oportunidades e transformação”, pontuou.
“A partir de agora vocês carregam o DNA da Universidade Federal do Ceará para sempre nas suas existências. Por onde vocês forem, a UFC irá com vocês, dando suporte e respaldo a tudo que fizerem pelo caminho”, ressaltou o gestor.
O ciclo de colações de grau nos campi do interior do Estado segue até o fim de abril com as solenidades em Sobral (9), Itapajé (15), Russas (28) e Quixadá (29).
Fonte: Cerimonial da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.