Professores e alunos da UFC integram pesquisa nacional sobre prevenção de epilepsia em pacientes com traumatismo cranioencefálico
- Quinta, 11 Setembro 2025 08:41
- Escrito por UFC Informa
Um estudo vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e desenvolvido pelo Hospital Sírio-Libanês ganhou destaque nacional com a participação de pesquisadores de diversas regiões brasileiras. Há dois anos, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS) integram o projeto Biperideno para prevenção de epilepsia em pacientes com trauma cranioencefálico.
O projeto é um ensaio clínico de fase 3 (multicêntrico, randomizado, placebo-controlado e duplo cego). A iniciativa conta com investimento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Além do Ceará, participam do estudo pesquisadores de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia e Amazonas.
O estudo tem como objetivo avaliar os efeitos do uso de biperideno na prevenção de epilepsia pós-traumática (EPT) em pacientes com traumatismo cranioencefálico (TCE) e hemorragia intraparenquimatosa e/ou contusão confirmada. Biperideno é um medicamento anticolinérgico utilizado para tratar alterações motoras, quer da doença de Parkinson, quer secundárias ao uso de antipsicóticos.
A neuropsicóloga Eva Cristino, professora dos cursos de Medicina e Psicologia do Campus da UFC em Sobral, explica que a epilepsia pós-traumática é um quadro neurológico que ocorre como sequela de traumatismo cranioencefálico e que o estudo tem como foco a prevenção. “A nossa hipótese é que o biperideno, se administrado em até 18 horas após a lesão encefálica, seria capaz de prevenir o surgimento da epilepsia pós-traumática”, explica a professora.
Entre os benefícios diretos e indiretos do projeto, a professora da UFC destaca a melhoria da saúde pública e dos fluxos de assistência, a implementação de uma cultura de pesquisa, o fortalecimento de parcerias institucionais e o desenvolvimento de pesquisas de ponta. “E para a comunidade acadêmica, pesquisas como essa oportunizam contextos de execução e aprendizado de pesquisas com metodologias robustas, contato com diferentes etapas de pesquisa e possibilidade de publicações e parcerias nacionais”, afirma a neuropsicóloga.
O estudo tem previsão de ser concluído em 2027. Eva Cristino destaca a importância de consolidar uma ciência aberta e colaborativa. “Uma cultura de pesquisa saudável pode significar a adoção de comportamentos, atitudes, valores e normas que incentivem a ciência aberta e colaborativa, envolvendo uma força de trabalho diversificada. É necessário o engajamento das equipes interdisciplinares de saúde, da população alvo, e, também, de toda a rede de assistência que muitas vezes está diretamente vinculada à gestão de saúde”, conclui a neuropsicóloga e professora.
A equipe da UFC é composta por professores dos cursos de Medicina e Psicologia do Campus da UFC em Sobral, além de estudantes de iniciação científica. Participam do estudo os docentes Eva Dias Cristino, Keven Ferreira da Ponte, Paulo Roberto Lacerda Leal, Gerardo Cristino Filho e Alex Sandro de Moura Grangeiro.
O projeto conta ainda com a colaboração do professor Armênio Aguiar do Santos, da Faculdade de Medicina da UFC e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFC, em Fortaleza. O autor do projeto é o pesquisador Luís Eugênio de Araújo de Moraes Mello, professor titular de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A Santa Casa de Misericórdia de Sobral é um dos centros de pesquisa do projeto. Referência em trauma na macrorregião de Sobral, a Santa Casa de Misericórdia foi reconhecida, em 2007, como hospital de ensino, campo de práticas de cursos técnicos, graduação e pós-graduação, concedendo estágios curriculares, extracurriculares e visitas técnicas aos estudantes do Campus da UFC em Sobral.
SAIBA MAIS - O ensaio clínico é uma pesquisa científica realizada com seres humanos para avaliar a segurança e a eficácia de novos tratamentos, como medicamentos, vacinas ou procedimentos médicos. Ele segue protocolos rigorosos aprovados por comitês de ética e é conduzido em fases, cada uma com objetivos específicos. Na fase 3, que envolve centenas ou milhares de pacientes, o novo tratamento é comparado ao padrão existente ou a um placebo, permitindo confirmar sua eficácia, monitorar efeitos adversos e coletar dados necessários para aprovação regulatória.
O projeto em questão é um ensaio clínico de fase 3, caracterizado como multicêntrico, randomizado, placebo-controlado e duplo cego. Isso significa que é realizado em diferentes centros para abranger contextos diversos, com participantes distribuídos de forma aleatória, em dois grupos: um recebendo a medicação e outro o placebo, com protocolos idênticos. Além disso, nem os participantes nem os pesquisadores sabem quem está em cada grupo, garantindo que os resultados não sofram influência de expectativas ou vieses.
Fonte: Eva Cristino, professora dos cursos de medicina e psicologia do Campus da UFC em Sobral - e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.