Uma recordação para celebrar no coletivo: rede de apoio e afeto na busca do diploma marcam a colação de grau no Campus de Russas

Vem do latim a origem da palavra comemorar: formada a partir do verbo memorare, que significa “pôr na memória”, junto ao prefixo cum, que dá ideia de companhia, união. Ou seja, comemorar tem sentido de pôr algo na memória junto com outras pessoas. Não é por acaso, então, que as solenidades de colação de grau da Universidade Federal do Ceará (UFC) são eventos que reúnem inúmeros familiares e amigos dos formandos. Divisor de ciclos na vida dos egressos, aquela é uma recordação bonita que muitos anseiam ter.

Mas até chegar ao dia solene, a caminhada por vezes não é fácil, e aí está o papel de uma rede de incentivo e amor para auxiliar os que buscam o diploma. No caso de Alana Cristina Oliveira, que colou grau em Ciência da Computação na noite dessa terça-feira (16), no Campus da UFC Russas, os pais foram o porto seguro.

Imagem: Alana Cristina Oliveira colou grau em Ciência da Computação no Campus de Russas (Foto: Viktor Braga/UFC)

“Foi bem difícil, tiveram várias coisas no meio do caminho, pandemia, mas meus pais sempre diziam para estudar, pois eles não puderam concluir os estudos deles e me estimularam a fazer ensino superior”, disse.

Filha única de Abdias, taxista, e de Maria Oliveira, dona de casa, Alana hoje é para os pais o orgulho da casa. “Era um sonho da gente, ainda mais se formando na nossa cidade, não precisou ir para outro canto”, afirmou o pai. “Sempre batalhei muito para ela estudar. Fico sem palavras porque eu não cheguei a me formar, então ver ela se formando agora é uma alegria”, avaliou a mãe.

Veja outras imagens da colação no Flickr da UFC

Foram os passos da mãe Celina Castro, professora da rede básica, que guiaram o trilhar de João Igor Souza, também formado em Ciência da Computação no Campus da UFC em Russas. Natural de Morada Nova, o jovem teve como critério na escolha da profissão a possibilidade de não se afastar da família. “Não gostava muito da ideia de deixar o meu lar para pegar o meu sustento. Então escolhi computação pela possibilidade de trabalhar remotamente”, relatou.

Imagem: João Igor falou sobre os planos de montar a própria empresa na área de computação (Foto: Viktor Braga/UFC)

Hoje o graduado João Igor desenvolve projetos com colegas de UFC, mas já com o objetivo de montar uma própria empresa na área. Tudo isso, pertinho de quem sempre o auxiliou. “Já comecei a me emocionar quando fomos alugar a beca porque a gente veio pra cá e eu não conhecia a UFC. Achei tudo muito bonito e eu disse a meu filho: ‘agradeça por você ter tido a oportunidade de fazer o curso que você queria em uma universidade desse porte’. Sou só gratidão e quero agradecer às pessoas que trabalham na universidade com tanta dedicação, carinho e respeito”, declarou Celina.

Os laços não se estabelecem apenas com a genética, mas também com o afeto e o cuidado. No caso de Felipe César Silva, um dos maiores vibradores pela sua formatura em Engenharia de Software foi o “pai do coração”, Heloilton Nunes. E era mesmo pra se orgulhar: filho de agricultores da cidade de Palhano, Felipe abraçou a área de programação com entusiasmo. “Foi amor à primeira vista”, ressaltou.

Imagem: Felipe César é filho de agricultores da cidade de Palhano (Foto: Viktor Braga/UFC)

Durante o curso, engajou-se em diferentes iniciativas e chegou a desenvolver um aplicativo para ser usado nas atividades de monitoria dos estudantes do campus. Segundo Felipe, o curso superou as suas expectativas e agora a meta é buscar inserção no mercado de trabalho, para satisfação de Heloilton. “Desde os sete anos que ele está comigo. A gente é de família simples e tenta dar o máximo possível de assistência. É difícil por conta de como está o mundo hoje, mas ele é um menino muito bom e chegar até esse ponto é um orgulho. O nosso sonho era se formar, mas não deu, então ver um filho chegar aqui é uma alegria muito grande”, avaliou o padrasto.

Além da família, os amores também exercem um papel fundamental na vida dos graduandos. Para Bruno Herculano, oriundo de Maracanaú e que se graduou em Engenharia de Produção, o aconchego do namorado Pedro Normandia foi o conforto necessário na reta final do TCC.

Imagem: Bruno Herculano contou com o apoio do namorado, Pedro Normandia, na trajetória rumo ao diploma (foto: Viktor Braga/UFC)

“Acho que posso dizer que fui muito mais um apoio emocional motivando ele, dando ideias, sugestões”, relata Pedro. Agora fora da universidade, Bruno pretende seguir na atuação de gestão de empresas, mas sem esquecer de retribuir o cuidado ao companheiro, que cursa o sexto semestre de Engenharia Mecânica no Instituto Federal do Ceará (IFCE). “Estudar na graduação tem seus altos e baixos e quando a gente tem apoio é melhor”, pontua Bruno.

DISCURSOS - Colaram grau da solenidade do Campus de Russas um total de 68 formandos, dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia de Software e Engenharia Mecânica. Abrindo os discursos, esteve a oradora discente Bruna Élida Oliveira, do curso de Engenharia Civil, que mencionou a importância da interiorização do ensino superior no Ceará.

“Nunca me arrependi de ter saído de Fortaleza para estudar no interior. Pelo contrário: o Campus de Russas me ensinou, na prática, o valor que a nossa universidade tem para o Vale do Jaguaribe. Nosso campus existe para descentralizar o ensino superior, levando conhecimento, desenvolvimento e oportunidades a uma região que merece e precisa crescer. Esse é um objetivo nobre da UFC, e motivo de muito orgulho para todos nós que nos formamos aqui”, pontuou.

A professora Jacilane Rabelo foi a oradora docente da cerimônia e salientou aos novos profissionais a importância da ética na atuação em suas áreas. “Levem consigo não apenas o conhecimento técnico adquirido, mas também a capacidade de aprender sempre, de questionar, de sonhar e de servir à sociedade com ética, coragem e responsabilidade. O diploma que recebem hoje não é um ponto final, mas um convite para novos começos. Que cada um de vocês seja luz nos lugares por onde passar, transformando vidas e construindo caminhos”, afirmou.

Imagem: A vice-reitora Diana Azevedo, no exercício da Reitoria, comandou a solenidade de colação (foto: Viktor Braga/UFC)

Encerrando a solenidade, a vice-reitora Diana Azevedo, no exercício da Reitoria, reforçou a necessidade de se aliar técnica e compromisso social nas profissões. “Vocês se formam em áreas decisivas para o futuro da humanidade. A engenharia e a tecnologia da informação são motores da transformação em curso no mundo. A inteligência artificial, em particular, está moldando a forma como trabalhamos, produzimos, nos comunicamos e até como nos relacionamos. Mas ela também traz consigo dilemas éticos e desafios profundos. Caberá a vocês, como profissionais, compreender que o conhecimento só tem sentido se for colocado a serviço da vida, da dignidade humana e do bem comum”, concluiu.

Após passar por Sobral, Fortaleza e Russas, o ciclo de colações de grau do semestre 2025.1 chega ao Campus da UFC em Quixadá nesta quarta-feira (17). A cerimônia no Campus de Crateús encerra o ciclo no dia 22 de setembro.

Fonte: Secretaria de Comunicação e Marketing da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.