Agência UFC: Estudo analisa dedicatórias de livros entre Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira
- Sexta, 21 Novembro 2025 16:09
- Escrito por UFC Informa
Movimento artístico e cultural que teve início com a Semana de Arte Moderna de 1922, o modernismo promoveu uma transformação nas artes do país ao valorizar a experimentação estética, a identidade brasileira e o regionalismo. Como expoentes dessa vertente estão vários nomes do panteão da literatura nacional, como Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.
Os escritores Manuel Bandeira e Rachel de Queiroz figuram entre os notáveis da primeira e segunda fases do modernismo no Brasil, respectivamente. Além de vivenciarem o fervor das inovações na cultura e na sociedade brasileira naquele período, os literatos compartilharam uma relação de estima e amizade que foi eternizada em uma coleção de manuscritos datados entre as décadas de 1940 e 1960.

Os pequenos textos em formato de dedicatória de livros foram objeto de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal do Ceará (UFC), que traçou um verdadeiro retrato dos afetos entre os artistas e o contexto social e artístico da época em que viveram. De autoria da bibliotecária Ana Wanessa Bastos, o estudo teve duração de dois anos e focou no material das coleções Rachel de Queiroz, disponível na Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza (Unifor), e Manuel Bandeira, que integra o catálogo da Academia Brasileira de Letras (ABL).
AFETOS E MEMÓRIAS - A amostra da pesquisa contou com 23 manuscritos encontrados em exemplares de livros dedicados entre Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira. Como critério de seleção, a pesquisadora levou em consideração obras de autoria, traduzidas ou organizadas pelos escritores e que faziam parte dos acervos particulares de cada um. Um dos enfoques foi investigar a relação interpessoal e profissional entre esses escritores, com o intuito de constatar padrões, temas e mensagens presentes nas dedicatórias. “O relacionamento entre Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira pode ser definido como literário-afetivo, sustentado nas dimensões afetiva, poética e política”, comenta a pesquisadora.
Para a compreensão do conteúdo das dedicatórias, a pesquisadora fez uma categorização com base nos sentidos semântico e afetivo das palavras redigidas, culminando em um padrão de escrita de cada autor. “As dedicatórias manuscritas de Manuel Bandeira para Rachel de Queiroz se caracterizam pela estrutura breve e direta, e por terem uma linguagem simples, porém profunda, evidenciando o entrelaçamento das dimensões afetiva e poética. Da mesma forma, as dedicatórias de Rachel para Bandeira possuem estrutura curta e direta, sendo caracterizadas por padrões que expressam o coloquialismo, a simplicidade e o regionalismo, característicos da escrita racheliana”, avalia.

Eleito como melhor trabalho do PPGCI em 2024, o estudo foi orientado pelo professor Jefferson Veras, que aponta o diferencial da pesquisa em focar nas marcas de proveniência - elementos visuais ou textuais como anotações, carimbos, assinaturas e dedicatórias - desses livros presenteados. Para o docente, a sociabilidade entre os escritores destacada no estudo se vincula ao alicerçamento do modernismo literário no Brasil.
“Essas redes de sociabilidade foram, de certa forma, fundamentais para a consolidação do movimento. Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira pertenciam a gerações diferentes do modernismo, mas compartilhavam uma sintonia estética e artístico-literária”, afirma.
Saiba mais sobre o estudo lendo a íntegra da matéria disponível no site da Agência UFC, veículo de divulgação científica da universidade.
Fonte: Ana Wanessa Bastos, mestre em Ciências da Informação pela UFC - e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.







