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Terça, 25 Novembro 2025 09:31

Escrito por UFC Informa

A Universidade Federal do Ceará (UFC) se destacou na final regional do Prêmio Finep de Inovação, maior e mais tradicional premiação de inovação do país, promovida pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Das 24 pesquisas finalistas da região Nordeste, pelo menos quatro foram coordenadas pela UFC ou tiveram a universidade como parceira.

A cerimônia foi realizada no dia 17 de novembro, no Recife, com a presença de cientistas da UFC; do presidente da Finep, Luiz Antonio Elias; do secretário nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Inácio Arruda; e de outras autoridades. Cerca de 3 mil propostas apoiadas pela Finep (2023–2024) concorreram inicialmente ao Prêmio.

A cerimônia foi transmitida online e está disponível no Youtube.

REGENERAÇÃO ÓSSEA - Um dos projetos com o DNA da UFC visa ao desenvolvimento de um biomaterial inovador com aplicação na saúde humana, o “Biomembone”. Coordenada pela professora Fábia Karine Andrade, da Pós-Graduação em Engenharia Química, a pesquisa foi finalista na categoria Deep Tech, mas venceu o prêmio especial de Melhor Projeto Coordenado por Mulheres, recebendo a Medalha Niéde Guidon.

Em parceria com a startup BioHealing, cientistas da UFC desenvolveram o Biomembone, um biomaterial de baixo custo para tratar perdas ósseas orofaciais, decorrentes de traumas, malformações congênitas, neoplasias e outros problemas que afetam os dentes e suas estruturas de suporte. Esse biomaterial é capaz de funcionar tanto como membrana de barreira quanto como matriz de preenchimento para manutenção e reconstrução de defeitos e rebordos ósseos.

Segundo a professora Fábia, o desempenho do Biomembone foi comprovado por estudos biológicos in vitro e em ensaios pré-clínicos. Além disso, análises de viabilidade econômica estimam um custo de apenas R$ 7,00; atualmente, um kit para regeneração óssea guiada importado pode custar de R$ 2.000 a R$ 5.000, valor inacessível para grande parte da população.

O projeto está na fase de implementação e validação da planta piloto de produção. Posteriormente, serão fabricados lotes piloto destinados ao estudo clínico (fase 1), que avaliará a segurança e a eficácia do Biomembone na população-alvo. A Clínica de Odontologia do Campus da UFC em Sobral funciona como braço clínico da pesquisa.

MAIS SABOR NO PRATO - Na categoria Cadeias Agroindustriais Sustentáveis, a UFC concorreu com um projeto que visa ampliar a qualidade de produtos alimentícios plant based, ou seja, alternativos à carne animal, disponíveis no mercado.

O projeto Desenvolvimento de Novos Ingredientes e Processos para Elaboração de Alimentos Contendo Proteínas e Gorduras Alternativas, também chamado de InovaFat, é coordenado pela professora Sueli Rodrigues, do Departamento de Engenharia de Alimentos.

O objetivo é produzir lipídios bioidênticos às gorduras presentes em carnes, por meio de engenharia enzimática e com a ajuda de ferramentas da bioinformática e inteligência artificial (IA). Busca-se uma inovação capaz de melhorar a experiência sensorial de quem consome alimentos plant based, a fim de atingir melhores resultados no sabor, suculência e textura do produto. 

Conforme explica a equipe do projeto, óleos vegetais são tipicamente líquidos, enquanto a gordura animal é sólida e consistente. O desafio tecnológico, portanto, é criar um lipídio sólido a partir de matérias-primas vegetais, para ser incorporado a produtos plant based de modo que estes possam mimetizar a suculência e a textura da carne animal. 

A consistência da gordura é considerada crucial, por exemplo, para a marmorização e o comportamento do alimento no preparo e no cozimento. Com o projeto, a UFC poderá colaborar com a ampliação de opções mais saudáveis e sustentáveis de alimentação. 

HIDROGÊNIO VERDE - Na categoria Bioeconomia, Descarbonização, Transição e Seguranças Energéticas, a UFC concorreu com o projeto Desenvolvimento e Validação de um Sistema de Gestão de Energias Renováveis para Produção de Hidrogênio Verde, ao lado de outras duas instituições: o Grupo Argo e o Senai Ceará.

O foco é a gestão da produção de hidrogênio verde por meio de tecnologias avançadas, incluindo IA, e do desenvolvimento de uma membrana inovadora de quitosana, derivada da casca de caranguejo e camarão. Essa membrana busca reduzir o custo de produção do hidrogênio verde, agregando valor a resíduos naturais abundantes na costa nordestina e fortalecendo a cadeia de pesquisa sobre eficiência energética. 

O projeto é um desdobramento da primeira tese de doutorado na área de hidrogênio verde defendida no Ceará, de autoria do pesquisador Santino Loruan e orientação do professor Enio Pontes de Deus, da Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Materiais da UFC. Ambos são pesquisadores do Laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga (Lameff) da UFC. 

Segundo o professor Enio, os resultados já alcançados demonstram maturidade científica do projeto e seu potencial de impacto industrial, além de projetarem a UFC e seus parceiros no ecossistema de inovação brasileiro.

NANOFÁRMACO PARA LEISHMANIOSE - Na categoria Complexo Econômico Industrial da Saúde, a UFC foi finalista com o projeto Avaliação Pré-Clínica de Nanosistemas à Base de Cumarina e de Nitrosilo Complexos de Rutênio para o Tratamento da Leishmaniose: Formulação Farmacêutica.

O projeto consiste no desenvolvimento de um nanofármaco oral para o tratamento da leishmaniose cutânea, uma das principais doenças negligenciadas do planeta. Administrado por via oral, esse nanofármaco torna o tratamento mais confortável e seguro em comparação a medicamentos injetáveis disponíveis, como o Glucantime, que possui potencial de toxicidade.

Coordenado pela professora Kalyne Leal, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFC, o trabalho envolve pesquisadores das áreas de Farmácia, Medicina, Química e Física. Para Kalyne, o projeto “é mais do que uma inovação tecnológica; ele representa um compromisso com a saúde pública e valorização da nossa biodiversidade. É a materialização de que a pesquisa brasileira pode nascer do sertão e chegar ao mundo, unindo inovação, sustentabilidade e compromisso social”.

A cumarina, um dos compostos do nanofármaco, é encontrada naturalmente em diversas plantas da Caatinga e possui aplicações biológicas e medicinais.

Fonte: Secretaria de Comunicação e Marketing da UFC - e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..