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Quarta, 01 Novembro 2023 12:08

Dando sequência às ações de aproximação entre a Universidade Federal do Ceará e os territórios periféricos de Fortaleza, o reitor Custódio Almeida realizou visita a projetos sociais no Residencial José Euclides, conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida localizado no bairro Jangurussu. Durante a agenda, o gestor esteve acompanhado de assessores da Reitoria, representantes das Pró-Reitorias de Cultura e de Extensão e pesquisadores que atuam no território.

Os projetos visitados foram o Zona Viva, iniciativa do Governo do Estado do Ceará coordenada pela Secretaria da Proteção Social (SPS) e inaugurada em agosto deste ano. O equipamento oferta cursos de qualificação e encaminhamento profissional em parceria com entidades como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Construído em colaboração com os moradores, o Zona ainda promove ações de esporte, cultura e lazer para a comunidade.

A programação seguiu com uma roda de conversa com lideranças comunitárias do Jangurussu e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Eles compartilharam com a administração demandas prioritárias da população local com as quais a Universidade pode contribuir. O grupo tratou com a comitiva das pautas mais urgentes dos residentes no Grande Jangurussu, com destaque para segurança alimentar, políticas de planejamento urbano, cultura digital e tecnologia.

Para que a comunidade possa avançar em algumas dessas pautas, o apoio da UFC será imprescindível. As lideranças disseram, por exemplo, precisar de apoio na formatação da proposta de determinados cursos profissionalizantes em áreas em que a comunidade é mais vulnerável. Uma delas é a de alimentação. Nesse sentido, a demanda é pela oferta de uma formação em nível técnico (que eles intitularam “mestre em cozinhas solidárias") para trabalhar no gerenciamento e produção desse tipo de equipamento.

Outros debates centrais são a atuação da Universidade no planejamento urbano das periferias – permitindo que se entendam o crescimento e o planejamento urbano de Fortaleza a partir das especificidades dos territórios – e a transferência de tecnologia para trabalhar com desenvolvimento de softwares e agricultura urbana. “É importante a presença da academia para nos ajudar a realizar um plano de desenvolvimento integrado para o território, para ofertar um curso de planejamento urbano e políticas públicas”, argumentou Sérgio Farias, morador do Residencial, líder comunitário e representante do MTST.

COMBATE À FOME – O momento seguinte consistiu em visitas a duas cozinhas solidárias localizadas no Residencial, uma com a construção em curso e outra já em funcionamento, na qual são servidas diariamente 150 refeições para os moradores da comunidade em vulnerabilidade socioeconômica, com prioridade para crianças, idosos, gestantes, lactantes e pessoas com deficiência.

De acordo com a assessora do Gabinete da Reitoria, Profª Aliny Abreu, que também acompanhou a visita, a futura Secretaria do Meio Ambiente da UFC (ainda em concepção) poderá em breve auxiliar a população do Jangurussu trabalhando a consciência ambiental dos coletivos envolvidos na administração da cozinha solidária e da horta acoplada do Residencial.

"Créditos de carbono podem ser gerados com técnica correta e adequada de compostagem e adubo verde, reduzindo a emissão de metano no meio ambiente e de insetos e roedores na comunidade. Além disso, podemos apoiar a autossustentabilidade na geração de energia limpa e melhoria no equilíbrio financeiro com gastos de energia das famílias", disse a assessora, antecipando algumas contribuições possíveis.

Após a breve panorâmica, o reitor salientou que a UFC já recebe os estudantes das periferias em larga escala, pois 50% das vagas disponíveis nos cursos de graduação são ofertadas via Lei de Cotas. “Temos pesquisadores, temos projetos de extensão que chegam aqui, fazem seus trabalhos, divulgam. A gente só conhece as periferias das grandes cidades por conta dessas pesquisas. Mas o que estamos tentando fazer é algo mais. É a Universidade estar na periferia para ajudá-la na sua organização. Discutir com quem vive aqui, com quem tem experiência e saberes acumulados e, com isso, fazer com que esse saber se multiplique dentro e fora da Universidade”, afirmou, compartilhando suas impressões iniciais. O Prof. Custódio Almeida disse ainda que a visita forneceu elementos para compreender como a UFC pode estar mais presente nesses territórios: “Viemos encontrar juntos caminhos e trilhas possíveis”.

“Não adianta fazer do macro para o micro, nossa proposta é o contrário. Estamos levando para o reitor Custódio a proposta de construir uma Universidade da periferia, da favela, que traga a educação, a extensão e a pesquisa para dentro da comunidade e possa, assim, atuar diretamente nos problemas. Construir isso é discutir uma coisa viva”, exemplificou o líder comunitário Sérgio Farias. Ele frisou também que a população periférica possui, de maneira geral, muito conhecimento acumulado. “O debate que a gente traz para o reitor Custódio, essa gestão da UFC e as outras universidades é integrar o saber acadêmico com o saber popular”, sintetizou.

Por fim, Sérgio definiu o objetivo da interação que vem sendo construída como “acupuntura social”. “É fazer pontualmente coisas simples, agulhinhas que são capazes de mudar a realidade de uma comunidade, de um bairro, de uma localidade”, explicou. Ele argumenta que, para isso, é preciso conhecer a realidade, pois muitas políticas públicas não atingem diretamente as comunidades.

Fonte: Gabinete da Reitoria – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.