Reitor recebe secretário da Saúde Indígena e docentes do ICA para discutir medicina veterinária em territórios originários do CE
- Segunda, 20 Outubro 2025 18:08
- Escrito por Comunicação de Gestão
O reitor da Universidade Federal do Ceará, professor Custódio Almeida, recebeu, na tarde desta segunda-feira (20), o secretário da Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, e docentes do Instituto de Cultura e Arte (ICA). O objetivo do encontro foi tratar de um projeto que visa à implementação de ações de medicina veterinária em territórios indígenas do Estado do Ceará.

A proposta é de iniciativa da professora Débora Façanha, do ICA, e conta com o apoio da direção do Instituto, representado na reunião por sua vice-diretora, a professora Denise Parra. Também participaram da agenda Lucas Guerra, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena do Ceará (DSEI - Ceará) e membros da equipe técnica da Secretaria da Saúde Indígena (Sesai).
De acordo com o secretário Weibe Tapeba, que foi vereador do município de Caucaia e é a primeira pessoa indígena a liderar a pasta na Sesai, a saúde animal ainda é uma grande vulnerabilidade das aldeias. “Há três anos, tivemos uma grande perda, que foi a do Cacique Barbosa Pitaguary, um mestre da cultura. Segundo o laudo, uma das causas da morte dele foi a leishmaniose. O projeto está muito bem formulado, e essa ação ainda nem possui equivalência nas diretrizes da política nacional de saúde indígena. Seria um grande passo”, qualificou o advogado.

APRESENTAÇÃO - Em um primeiro momento, a professora Débora Façanha fez uma apresentação sobre as articulações recentes em torno do projeto, que já envolveram reuniões com o secretário nacional, com o coordenador da DSEI-CE e com lideranças das etnias indígenas tapeba, pitaguary e jenipapo-kanindé, onde também foram realizadas oficinas de sensibilização.
Segundo Débora Façanha, a medicina veterinária indigenista é uma área nova dentro da medicina veterinária do coletivo, e se comunica totalmente com o conceito de “saúde única”, abordagem que reconhece a interconexão entre as saúdes humana, animal, vegetal e ambiental.
“Desde 2023, o Conselho Federal de Medicina Veterinária reconheceu a necessidade de inclusão de médicos veterinários nas equipes multiprofissionais de assistência à saúde indígena, mas pouco se tem visto de avanços concretos”, disse a docente, que mencionou ainda o importante trabalho desempenhado por iniciativas como Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) em situações-limite que afetam as terras indígenas.

Ela explanou ainda sobre as etapas previstas no projeto, que devem incluir a elaboração de um diagnóstico situacional, ações de captura, esterilização e devolução (CED) de animais, a realização de pesquisa etnográfica e o intercâmbio com escolas indígenas no tocante a educação ambiental e incentivo à posse responsável de animais e ao manejo populacional ético de cães e gatos.
“Também está no plano a aquisição de uma unidade móvel de saúde animal pensada para percorrer os territórios, com consultório e salas de paramentação, cirurgia e recuperação”, afirmou Débora.
O professor Custódio Almeida demonstrou adesão à proposta e destacou o papel imprescindível que o cuidado animal passou a ter com a institucionalização da Secretaria do Meio Ambiente da UFC (SMA-UFC), criada em junho de 2024. “Algumas das atividades e soluções trazidas são muito viáveis, como o trailer, que pode ser acoplado a qualquer veículo. A ousadia, neste momento, é já projetar uma ação que se volta para além da Universidade e é ancorada em um eixo que, de tão pioneiro, não está nem elencado na política de saúde indígena até então”, pontuou o reitor, acrescentando que a ideia pode impulsionar ainda mais os esforços para a criação de um curso de Medicina Veterinária na UFC.
A professora Denise Parra ressaltou o potencial interdisciplinar do projeto. “É visível que há um grande gancho para articular saúde, políticas públicas, educação e cultura. E isso terá o reforço de um grande corpo de pesquisadores da Universidade que já estão em atividade nos estudos indígenas. A saúde coletiva é muito ampla e tem como acolher até estudantes de Gastronomia, por exemplo”, citou.
Lucas Guerra, representando a DSEI-CE, frisou que a parceria com a UFC pode ajudar a fortalecer questões como a vigilância ambiental em saúde e o atendimento intercultural. “Este último, infelizmente, encontra barreiras na oferta de atenção especializada à saúde indígena em hospitais e demais unidades de saúde”, lamentou o coordenador.
Fonte: Gabinete da Reitoria – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.





