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Terça, 21 Dezembro 2021 09:41

Pensar a cozinha como um verdadeiro laboratório. Essa é uma das propostas do Tem Ciência na Cozinha, projeto de extensão do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará que visa ao letramento científico através da gastronomia. Criada em maio deste ano, a iniciativa tem adotado como estratégia o uso de ferramentas de ensino on-line, plataformas de vídeo e a rede social Instagram (@temciencianacozinha) na divulgação da ciência no dia a dia.

Dúvidas corriqueiras, tais como arear ou não as panelas e quais as vantagens de cada material usado na fabricação desses utensílios, até aspectos físico-químicos dos alimentos, como de que modo a água presente nos ingredientes afeta seu sabor e textura, são abordados pela equipe do projeto.

A ideia, segundo o Prof. Paulo Henrique Machado, químico e docente do Curso de Gastronomia da UFC e coordenador do projeto, é tornar mais palatável a linguagem da ciência ao público em geral e enfatizar a importância das pesquisas na atualidade.

"A pandemia de covid-19 tem nos mostrado o quanto a nossa população desconhece as ciências, mas também tem nos ensinado o quanto precisamos dela. Assim, é fundamental que nós, cientistas, estejamos próximos da sociedade, divulgando e compartilhando o conhecimento. As pessoas precisam saber de ciência, simplesmente porque ela faz parte da vida. E a consciência disso evita, inclusive, inúmeros transtornos que temos vivenciado, como o difícil convívio com negacionistas", avalia.

Estudante do terceiro semestre do Curso de Gastronomia, Rafael Veras atua como bolsista no projeto, tanto na elaboração de conteúdo para o Instagram quanto na realização de palestras e minicursos. Segundo o jovem, o público tem dado bom retorno nas ações do Tem Ciência na Cozinha, tirando dúvidas e desfazendo mitos comuns relacionados à alimentação.

"Conseguimos perceber o interesse das pessoas por assuntos que passam despercebidos no modelo de ensino convencional. Muitos ficam surpresos com algumas informações, por exemplo, os riscos de uso de determinadas panelas, como as de alumínio; os benefícios do azeite para a saúde; os riscos do consumo de gorduras saturadas; e a ação dos conservantes e realçadores de sabor colocados nos alimentos ultraprocessados. Aproximar a ciência do cotidiano desperta a vontade do conhecimento e facilita o aprendizado. E contribui também para os processos de educação alimentar e nutricional", pontua o bolsista.

GASTRONOMIA PARA CRIANÇAS – Atualmente, o público majoritário do Tem Ciência na Cozinha é composto por adultos e idosos. No entanto, o objetivo é que, a partir de 2022, crianças e adolescentes passem a integrar as iniciativas de letramento científico do projeto. "A proposta é intensificar os trabalhos com crianças e adolescentes para quando forem possíveis os encontros presenciais, os quais possibilitam a execução de metodologias mais lúdicas", afirma o Prof. Paulo Machado.

Destaca o coordenador ainda que, com os jovens, um dos objetivos é mostrar a presença do conteúdo visto em sala de aula na vida cotidiana. "Para muitos alunos, é bastante desafiadora a relação com as ciências da natureza (química, física, biologia), justamente porque o processo de ensino-aprendizagem se detém a conceitos e metodologias que não facilitam a compreensão. Há um sentimento de 'falta de sentido' e o Tem Ciência na Cozinha nasce com essa proposta de aproximar o conhecimento científico desse público, por meio de práticas culinárias rotineiras que estão e são permeadas pela ciência", explana.

Composta por sete professores e oito estudantes do mestrado e do bacharelado em Gastronomia da UFC, a equipe da atividade extensionista abriu neste semestre vagas à comunidade para a disciplina Ciência da Fermentação. Como próximas ações, estão previstos, em 2022, cursos de letramento científico para estudantes de Pedagogia da UFC e para crianças e adolescentes do público em geral, através de parceria com a Seara da Ciência.
Para conferir as ações do Tem Ciência na Cozinha, basta acessar o perfil do projeto no Instagram (@temciencianacozinha).

Fonte: Prof. Paulo Henrique Machado, do Curso de Gastronomia – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.