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UFC cria Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas, reunindo 21 laboratórios de diversas áreas

Entre 2012 e 2018, o Nordeste brasileiro enfrentou a mais longa seca da história do País. A região viu a quebra da agricultura local e graves problemas de abastecimento humano, animal e industrial, afetando 22 milhões de pessoas. Já em 2023, a Amazônia, uma das regiões com maior volume de água doce do planeta, assistiu a uma seca como nunca vista. Para o ano que vem, a previsão é de que o Nordeste volte a sofrer com falta de água, desta vez devido ao fenômeno El Niño.

Situações como essas vêm ocorrendo com cada vez mais frequência. A necessidade de enfrentar os inúmeros problemas relacionados à escassez hídrica, de desenvolver tecnologias para mitigar esses efeitos e de aprimorar os mecanismos de gestão estimulou a Universidade Federal do Ceará a criar, no último dia 17, o Centro Estratégico de Excelência em Políticas de Águas e Secas (CEPAS).

Imagem: Homens em pequeno barco adentram o açude Castanhão

O CEPAS tem um pé na pesquisa acadêmica e outro no desenvolvimento de produtos e modelos práticos que possam ajudar as políticas públicas. Para isso, vai reunir 21 laboratórios de diferentes áreas, como as engenharias, Física, Geologia, Sociologia, Administração e Direito, em torno de nove temas prioritários, definidos a partir de demandas do próprio Estado.

“Isso por si só já é um desafio enorme: conseguir uma articulação e fazer conversar tantos saberes diferentes”, diz o Prof. Francisco de Assis de Souza Filho, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, apresentado como futuro diretor do Centro pelo reitor Custódio Almeida, após a aprovação do projeto no Conselho Universitário (CONSUNI).

Outro desafio é a articulação com o poder público. Para isso, no entanto, já há conversas bem avançadas com a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE), Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (COGERH), Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), todas ligadas ao poder estadual, além da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), do Governo Federal.

De acordo com o prof. Francisco de Assis, a ideia do CEPAS nasceu a partir da troca de experiências dos vários laboratórios da UFC no escopo do Programa Cientista Chefe, da FUNCAP, ainda em 2019. Esse diálogo fez com que os grupos mais ligados à engenharia e aos recursos hídricos começassem a perceber a importância de trabalhar com outras áreas do conhecimento. O debate sobre a gestão de águas precisou incluir aspectos como participação e conflito social, feito pelos pesquisadores da Sociologia, por exemplo.

PRINCIPAIS TEMAS – Entre os temas prioritários do CEPAS está a ideia de construir uma política de recursos hídricos para a seca. O tema é um desdobramento de um projeto já apresentado pelo Prof. Assis ao Governo do Estado do Ceará e prevê o desenvolvimento de um plano de gestão proativa para todos os reservatórios de água operados pela COGERH, facilitando o processo de tomada de decisão em situações muitas vezes emergenciais.

Ainda de acordo com o Prof. Assis, na lista de prioridades constam também temas como gestão da qualidade da água; definição de potencial de disponibilidade e de um modelo de gestão para as águas subterrâneas; eficiência no uso da água na irrigação; regulação dos serviços hídricos de irrigação; abastecimento de populações rurais; desenvolvimento e regulação de uma matriz de abastecimento de água do Estado; prospecção e avaliação das políticas públicas; e alocação negociada dos recursos hídricos e fortalecimento dos mecanismos de gestão.

De algum modo, boa parte desses temas já são abordados atualmente nos laboratórios da UFC. “Agora, vamos trabalhar com novos métodos para revisitá-los. Precisamos de uma abordagem multidisciplinar, que é mais sofisticada”, avalia o Prof. Francisco de Assis.

Imagem: Prof. Assis de Souza Filho: homem branco, cabelo grisalho e camisa branca

ESTRUTURA – De acordo com a resolução aprovada pelo CONSUNI, o CEPAS contará com um Conselho Gestor, que será a instância executiva. O Conselho será formado por um diretor-geral, um vice-diretor e o líder de cada laboratório ou núcleo que o integra. O diretor e o vice serão escolhidos pelo reitor, entre os membros do Conselho Gestor.

Conheça os laboratórios que participam do CEPAS:

– Laboratório de Gerenciamento de Risco Climático para a Sustentabilidade Hídrica (GRC)
– Laboratório de Monitoramento e Alerta Precoce de Secas
– Laboratório de Injeção de Água, Óleo, Gás e CO2 em Rochas-Reservatórios (ICARE6)
– Laboratório de Hidrologia Isotópica
– Laboratório de Estudos da Violência (LEV)
– Grupo de Pesquisa em Alocação de Água, Participação Social e Democracia (ALOCAR)
– Laboratório de Simulação Hidrológica
– Laboratório de Hidrogeologia
– Laboratório de Hidráulica Computacional
– Laboratório de Recursos Hídricos (LRH)
– Laboratório de Mecânica dos Solos e Pavimentação (LMSP)
– Laboratório de Geotécnica e Prospecção (LAGETEC)
– Laboratório de Qualidade e Tratamento de Água (SELAGUA)
– Laboratório de Processos Oxidativos Avançados (LabPOA)
– Laboratório de Eletrônica e Mecânica Agrícola (LEMA)
– Earth Observation Labomar Laboratory (EOLLAb)
– Signal and Information Processing for Data Analysis and Learning System (SPIRAL)
– Laboratório de Estudos em Competitividade e Sustentabilidade (LECoS)
– Núcleo de Estudos em Economia do Meio Ambiente (NEEMA)
– Laboratório de Sistemas e Bancos de Dados
– Laboratório de Cartografia Social e Geoprocessamento (LABOCART)

Fonte: Prof. Francisco de Assis Souza Filho – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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